Professor: Elton
Serie: 9º ano I manha
Grupo: Telice Morais, Gabrielle Morais, Lahuana Stephany e Pedro Antonio.
Preconceito das classes sociais.
Em sua obra intitulada O Povo
Brasileiro, o antropólogo Darcy Ribeiro afirma que “apesar da associação
da pobreza com a negritude, as diferenças profundas que separam e opõem os
brasileiros em extratos flagrantemente contrastantes são de natureza social”.
(RIBEIRO, 2006, p. 215). Isso sugere que, para além do preconceito racial tão
discutido no Brasil, há outro que está pautado na posição social dos
indivíduos, conforme seu acesso à renda, poder aquisitivo, padrão de vida e
nível de escolaridade. Em outras palavras, no Brasil também existe o chamado preconceito
de classe social.
Ao falarmos em classe social na sociologia, automaticamente
somos impelidos a pensar na obra de Karl Marx, o qual, ao fazer uma crítica ao
capitalismo, afirma que a sociedade capitalista seria divida em classes
sociais, uma proletária e outra burguesa. Em linhas gerais, a primeira seria
responsável pela força de trabalho enquanto a segunda seria dona dos meios de
produção. Isso seria característico da sociedade capitalista, sendo um fator
determinante da diferença social, principalmente no que tange à possibilidade
do acesso aos resultados da produção capitalista (os bens de maneira geral),
fato que contribuiria para aumentar a desigualdade social.
Contudo, quando falamos em classe social para pensarmos esse
determinado tipo de preconceito, não devemos considerar apenas esse sentido
visto em Marx, o qual pressupõe a existência de uma constante luta de classes
com interesses antagônicos na sociedade capitalista (o que não deixa de ser
importante). Deve-se falar em classe social em sentido mais amplo, considerando
os diversos grupos sociais numa classificação socioeconômica, sua posição ou
status na estrutura social, fato que sugere a existência não apenas de duas
classes, mas de tantas outras a depender de aspectos como níveis de renda, de
escolaridade, de acesso à assistência médica, entre outros fatores.
Em outras palavras, devemos pensar a ideia de preconceito de
classe social para além da chave burguês/proletário, considerando a existência
de classes mais abastadas economicamente (milionários, ricos, classe média
alta) e outras com menos recursos (classe média, média baixa, pobres,
miseráveis), sendo a renda o fator determinante de sua posição social e, dessa
forma, do preconceito de classe.
Essa breve observação é importante uma vez que podemos encontrar
trabalhadores urbanos que, embora sejam todos proletários, por possuírem faixas
de renda diferentes, podem manifestar preconceito de classe em relação aos que
possuem um status inferior em relação ao poder aquisitivo, seja por ocuparem
funções inferiores, seja por terem menor grau de instrução. Naturalmente, a
possibilidade do preconceito dos mais ricos (donos de meios de produção,
empresários, banqueiros) em relação aos mais pobres estaria mais próxima desse
antagonismo de classes tão discutido por Marx.
Para se ter uma ideia, em 2011, na cidade de São Paulo, houve
uma polêmica quanto à construção de uma estação de metrô em uma região nobre,
mais precisamente no bairro de Higienópolis. Moradores dessa localidade
manifestaram-se contra as obras pelo simples fato de temerem a presença de
pessoas “estranhas” pelas redondezas, alegando que a estação de metrô colocaria
em risco a segurança e a tranquilidade locais. A polêmica gerada ganhou o
noticiário, pois, apesar da coerência do argumento em relação aos possíveis
reflexos na região como o aumento do número de transeuntes, tratava-se de um
ponto de vista preconceituoso em relação à grande massa trabalhadora usuária
desse tipo de transporte público. Mais do que isso, esse discurso (talvez não
de uma maioria, mas de um grupo de moradores) deixaria implícita a tentativa de
uma “demarcação territorial” por uma determinada classe desejosa em se manter
isolada, longe do que lhe parece inferior.
Como qualquer outro tipo de preconceito, este, motivado pela
situação econômica, também se manifesta como um tipo de violência, da mesma
forma que aquele dado pela cor da pele, tão comum à sociedade brasileira.
Aliás, para Darcy Ribeiro, “não é como negros que eles operam no quadro social,
mas como integrantes das camadas pobres, mobilizáveis todas por iguais
aspirações de progresso econômico e social [...]. Acresce, ainda, que [...]
mais do que preconceitos de raça ou de cor, têm os brasileiros arraigado
preconceito de classe”. (ibidem, p. 216).
Dessa forma, o que se pode compreender é que para além dos
problemas sociais e econômicos dados pela desigualdade social gerada pela
divisão do trabalho na sociedade capitalista, a discriminação social vem
ampliar as dificuldades encontradas pelos mais pobres.
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